A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele e das articulações, autoimune, de base genética, que se expressa de várias formas clínicas. No Brasil, acredita-se que 1% da população seja acometida, podendo ocorrer em qualquer idade.
Manifesta-se, na maioria das vezes, por placas avermelhadas e descamativas, bem delimitadas, que coçam ocasionalmente, em áreas de traumas constantes na pele – cotovelos, joelhos, pernas, couro cabeludo e região lombar. O tamanho e o número das placas são variáveis, podendo ocorrer acometimento de toda a pele e, em alguns casos, também das unhas.
Existem, ainda, outros padrões clínicos, como psoríase invertida, seboríase, em gotas, eritrodérmica, pustulosa, psoríase da infância e artropática.
Além da artrite, as doenças classicamente relacionadas com psoríase são: a doença de Crohn, a uveíte, os distúrbios psiquiátrico-psicossociais e a síndrome metabólica como um todo e seus componentes isolados (hipertensão, obesidade, diabetes tipo II e dislipidemia, especialmente em quadros mais graves). Essas associações, verificadas especialmente nos casos de psoríase moderada a grave, são significativamente maiores que as encontradas na população geral.
Entre os fatores desencadeantes/agravantes estão: trauma, luz solar, infecção, medicamentos (lítio, antiinflamatórios não hormonais, beta-bloqueadores), estresse, tabagismo, álcool e fatores endócrinos (alterações hormonais).
O diagnóstico de psoríase é baseado na história, quadro clínico e, nos quadros menos típicos, no exame histopatológico (biópsia).
O tratamento da psoríase depende da forma clínica da doença, da gravidade e extensão, da idade, sexo e das condições do paciente em relação à saúde geral. Também deve ser levado em conta o que a psoríase representa no comprometimento da qualidade de vida do doente. Às vezes, quadros clínicos mais localizados podem ser responsáveis por comprometer vários aspectos da vida do paciente, se situados, por exemplo, nas mãos, nos genitais e na face. A doença pode ser percebida como estigmatizante pelo indivíduo que se sente envergonhado e rejeitado pelo outro. Pode apresentar impacto significativo nas relações sociais, na autoimagem e na autoestima, de forma bem diversa das doenças não dermatológicas. Ou seja, o tratamento deve ser individualizado para cada doente. Como regra, deve-se esclarecer ao doente a não contagiosidade, além de norteá-lo sobre a possibilidade de controle, os esforços na pesquisa de novos tratamentos, o benefício da exposição solar, o prejuízo da manipulação e a escoriação das lesões.
Os quadros leves, sem comprometimento da qualidade de vida, podem ser tratados apenas com medicações tópicas. Estas costumam ser utilizadas também como adjuvantes da fototerapia ou da medicação sistêmica (tradicional e imunobiológicos).
Conclui-se que a psoríase é uma enfermidade crônica, frequente e multissistêmica. Está associada ao risco de síndrome metabólica e de doença cardiovascular e causa sérios prejuízos sociais e psicológicos para o paciente e familiares. O controle adequado da doença promove a reabilitação social do paciente, melhorando a capacidade de trabalho, além de, provavelmente, diminuir o risco de comorbidades.